Santa Rosa, Ferreira Guimarães e agora Chinezinho
Edição: 385 Publicado por: Hélio Suzano em 27/03/2014 as 07:59
Amigos leitores, vocês devem estar intrigados sobre o título a cima e se perguntando: qual a ligação entre a Cia Santa Rosa de Tecidos, a Ferreira Guimarães e a EMA – Chinezinho? Eu respondo. Todas são exemplos do mal que a falta de razoabilidade, de bom senso e de propósito pode trazer para uma cidade.
O que fica da questão envolvendo a Chinezinho em Valença? Para mim está claro: falta de um propósito. Ter um propósito na vida, como bem ensina o amigo Leonardo Ramos, “é ter encontrado algo que dê sentido a sua vida. Muitos o encontram no trabalho, nos negócios, na família, na religião, na política etc.”
A busca por este sentido faz toda a diferença entre uma vida vazia e infeliz e, por outro lado, uma vida repleta, com desejos, ambições e aspirações, capaz de construir pontes ligando margens, transpondo abismos, produzindo e edificando o futuro.
Durante muitos anos Valença vem sofrendo com a falta de sentido, de propósito, num padrão político e social que infelizmente mediocrizou nossa sociedade, tornando-a inepta, ineficiente e irrelevante. Tornamo-nos todos, plateia para uma trupe de artistas circenses que fez e desfez de nossa cidade sem prestar satisfações ou dar respostas. Ficamos a mercê da benemerência destes senhores que capitalizaram toda força produtiva da cidade para seus projetos pessoais, deixando a infraestrutura, o investimento, a educação, a saúde, enfim, a cidade ao “deus-dará”. Foram incapazes como homens públicos, “de criarem condições para que nossos propósitos (desejos e aspirações) se realizem”.
Todos precisamos de um propósito em nossas vidas. Qual é o seu propósito? Qual o propósito da dona de casa com seus filhos criados em Valença? Qual o propósito de quem investe ou trabalha no comércio da cidade? Qual o propósito de quem se candidata a um cargo eletivo em Valença? Qual o propósito daqueles que exercem o poder por estas bandas? Vivemos nestes dias um tremendo impasse onde interesses contraditórios e inconfessáveis estiveram em conflito com os interesses e propósitos de toda uma cidade.
Não importa agora encontrar culpados. Como lá atrás, quando a Cia Santa Rosa fechou suas portas deixando na rua milhares de valencianos, ou quando a Ferreira Guimarães, atravessando décadas de dificuldades conhecidas e reconhecidas, acabou por sucumbir e, da mesma forma, fechou suas portas com todas as consequências que tão bem conhecemos. Importa agora é encontrar um sentido para nossa atuação como políticos e cidadãos.
Precisamos nos comportar como comunidade, uma unidade de interesses diversos que se junta quando o assunto é o bem público e os interesses comuns a todos. Uma comunidade que aprenda a se unir por um propósito que dê sentido à vida da cidade. Que não fique omissa, na plateia, submetida aos políticos, refém de sua incapacidade de reação. A força das opiniões, das reivindicações, das indignações tem que aparecer e prevalecer. Não somos este bando de bobos que parecemos ser...
Sou brasileiro e ainda confio num final feliz para todo este imbróglio envolvendo a continuidade da Chinezinho em Valença. Sei que o deputado André Correa está na batalha para reverter esta situação absurda, incompreensível, nem que seja aos 48 minutos do segundo tempo.
Mas, de tudo isto, fica a lição de que a cidade como um todo precisa de um sentido, de um propósito para que nossos problemas, nossas aspirações e desejos se materializem através de nosso comprometimento e postura como co-responsáveis pela nossa comunidade. Precisamos agir com o protagonismo que nossa cidade precisa e exige. Senão meus amigos, estaremos sempre a reboque dos interesses e das vaidades de terceiros. Terceiros que no fundo refletem nosso papel omisso e indiferente na relação com a cidade; terceiros que não estão nem aí para a cidade e para seus propósitos.
E não esqueçam: a omissão é a maior das vilanias. Venha da onde vier...
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